segunda-feira, 16 de novembro de 2009

POLITICAGEM NÃO COMBINA COM OAB

O fato de sermos seres sociais implica a imanente e cogente existência da política como condição sine qua non para a interação e conseqüente sobrevivência e evolução da humanidade.

Outra característica indissociável do homem é a sua individualidade, o que gera diversidade, que, por sua vez, faz aparecer conflitos. Assim, o Direito se torna uma ciência impostergável para a manutenção do almejado equilíbrio social. E dentro dessa área do conhecimento humano protagoniza o Advogado, profissional que não pode escolher este labor com vistas apenas no mercado de trabalho, mas tem de se sentir vocacionado para, dentro de uma perspectiva sacerdotal, abraçar a defesa e o alcance do pleno fulgurar da justiça que, muita vezes, vai de encontro as leis do capitalismo selvagem que nos é empurrado goela abaixo no mundo hodierno.

Esse Advogado, diante de sua suprema importância, é o único profissional citado na nossa Constituição Federal, Bíblia do Estado brasileiro, como sendo essencial à administração da justiça. Justiça vista como valor máximo de uma sociedade, onde a sua falência arrasta todas as instituições e todo o povo para o poço da miséria de valores.

Ciente de seu relevante papel social, que sobrepuja sua individualidade como ser e se impregna e se confunde com a defesa da sociedade e de seus princípios basilares, o Advogado pátrio nunca se deixou amordaçar, nem se encabulou diante das ameaças que tentaram cutilar de morte a essência deste país. Nem a ditadura militar, que conseguiu sufocar muitos setores da sociedade foi capaz de, com suas bombas e ameaças, mitigar o grito forte dos Advogados brasileiros. Numa realidade mais recente, esses mesmos Advogados não ficaram quietos quando os Poderes da nação tentaram ferir a ética, a moral e a nossa própria Carta Magna. Foi assim com o ataque a PEC do Calote, com a indignação da tentativa de fazer com que os suplentes de vereadores assumissem no apagar das luzes, com a repulsa frente aos chamados atos secretos do Congresso Nacional... No cenário local, não podemos olvidar da luta em prol da moralidade política frente a inúmeros escândalos, entre tantas outras porfias.

Ocorre, que eivado por uma distorção do que vem a ser política, aquela ciência concomitante a idéia de coletividade, um certo advogado, com a imponência conhecida de sua voz, em uma entrevista a uma rádio da Capital potiguar, afirmou que os advogados eram partícipes de um pacto de mediocridade e silêncio.

Em meio a um pleito eleitoral que elegerá a próxima composição da Ordem dos Advogados do Brasil – seccional do Rio Grande do Norte, esqueceu ele do que é verdadeiramente política e aderiu a politicagem, e mais, esqueceu que estava a falar dos Advogados, que nunca esmaeceram suas forças diante de nenhuma luta.

Como ele pode aventar a possibilidades dos Advogados serem medíocres e silentes? Não conhece a linda história da advocacia, nem muito menos sua realidade, que pulsa como orgulho no coração e na alma de seus integrantes.

Talvez levado pelo desespero da derrota massacrante tenha preferido largar a Constituição e ter como livros de cabeceira O Príncipe e A Arte da Guerra.

Acontece que seus instrumentos de guerrilha, escolhidos para um cenário, repito, de politicagem, este despiciendo em qualquer contexto social, feriram aqueles a quem ele pretendia, com toda a carga pejorativa que esta expressão pode ter, representar.

Política não se faz com ataques, com alienações, nem com agressões.

Política é a arte da construção em prol de um todo, e as coisas vistas como erradas devem ser objeto de propostas construtivas. E agressão não constrói.

Para dirigir a instituição representativa dos Advogados tem de ser um verdadeiro líder legitimado pela forma como encara esse verdadeiro sacerdócio social, que eleve a OAB a potestade que é só dela. E alguém que usa de expedientes maquiavélicos, que fere e fala mal da classe dos Advogados, não merece sequer dela fazer parte.

É pela existência de pessoas assim que a sociedade está apodrecida.

DEYWSSON MEDEIROS GURGEL

OAB/RN 6712

COMISSÃO DE DEFESA DAS PRERROGATIVAS

e-mail: Medeiros.gurgel@oab-rn.org.br

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